29.9.11

amor.doc

... para a blogagem coletiva
"há amor em mim"

do blog da elaine gasparetto

{ um pouco de mim }
em comemoração de 3 anos!


Há amor em mim. Na verdade existem vários amores em mim. Mas vou falar de você, meu amor preferido.

Encontramos um ao outro no improvável e nos reconhecemos no encontro. As curvas do caminho que foi tecido apenas para nós, nos guiaram, lá de longe, na direção um do outro e, se você pensar bem, não tivemos escolha. O amor é incondicional. Ele usou artimanhas ardilosas na armadilha e quando demos por isso já estávamos de cabeça para baixo. E nunca mais voltamos para o chão.

Juntos sobrevivemos à um oceano de distância e à cem mil de despedidas. Você é quem me ama nos meus dias de tempestade, quando nem a casa fica de pé. Sempre andamos juntos quando o céu está menos azul. Quando me perco do meu Norte, você é o meu Sul. Aquela que me guia para casa. Minha companheira do Sempre. Que carrega em si a minha melhor parte. E eu carrego esse amor que há em mim. O meu amor preferido. O amor com cheiro de você.

24.9.11

salto


tememos tanto o abismo
sequer sabemos o amanhã
se não saltarmos com otimisto
toda esperança será vã

.

23.9.11

oh land | sun of a gun



...

you go down

down

down

i fall out of love with u

...

18.9.11

azul ava


sua mãe jurou por deus que o mar sustentava o céu. que as grandes nuvens de açúcar se dissolviam no horizonte. mas ava ainda acreditava no azul salgado. não se conteve. nadou até lá.

17.9.11

fim da monção




Pareceu-lhe que o Mundo iria acabar-se em água. Havia duas semanas que o céu lhes negava clemência. Aquela terra, antes tão seca e estéril, transformou-se em uma torrente furiosa de lama e água que inundou os sonhos daquele lugar esquecido por Deus. Da janela torta daquele barraco de madeira que ainda era a sua casa, ele observava o que havia restado do seu lugarejo. Entranhadas em lama, as ruínas de casas mais sólidas e importantes que a sua ficavam ali, caídas, caladas, moribundas. Ao longe, viu a água tremeluzente do rio escuro e a árvore equilibrada em suas raízes. Haviam sobrevivido. O rio havia voltado para as suas margens, mas tudo havia desaparecido.

E não se via vivalma.

Ele tinha quase a certeza que todas as vidas daquele lugar haviam sido lavadas com a enxurrada. Ali, em algum lugar, imersa em escombros e lama, uma multidão de almas procurava o caminho para o purgatório. Mais uma vez ele estava só, abandonado no silêncio tenso após a tempestade. Mas a sua casa pobre ainda estava em pé. Nem mesmo a chuva se lembrou de a levar.

Então, calado para não acordar a nuvem que dormitava distante no horizonte, ele velou os campos devassados pela tempestade. Nem restou pouco do pouco que tinha. Nada lhe ficou e ninguém lhe sobrou. Só lhe restava o direito de continuar e a graça a todos os outros negada. Revisitou então o encanto do nada e o valor do recomeço. Apenas isso lhe bastou. Não se prolongou na dor da perda.

Pegou o saco com os poucos pertences que tinha e agarrou com a mão calejada a enxada cansada de guerra. Em passo firme saiu pela porta velha e vermelha do seu barraco de madeira, que desmoronou logo atrás de si. O vento quente e úmido bafejou sua cara. A luz cor de cobre do sol moribundo pintava o céu já limpo de nuvens. Sua sombra parda se estendia para bem longe de si, apontando o caminho a seguir.

E apenas seguiu.

Só.

Em busca da próxima chuva.