30.6.13

o caminho


o destino é uma veia que pulsa
em direção a algum lugar insondável
perde-se no labirinto dos sonhos
e coagula no inverno dos medos
olho a veia azulada no meu pulso
um rio sinuoso que desagua no coração
cada batida é o ponteiro da bússola
que aponta para o sul do destino
para algum lugar perdido no sonho
para o inverno que mingua
no silêncio da bruma
no fim do caminho

o medo


decidi que queria derramar-me por aí
pelos caminhos de nuvens, pelo mundo
queria estar em todos os lugares, e em nenhum
permanecer envelhece, calcifica devagar
prontas, as minhas asas interrogam-me 
mas eu olho para a gota de chuva 
que cai, seca, e retorna à nuvem
 o mundo queima debaixo dos meus pés
e eu temo apenas cair e secar
não ter a coragem da chuva
e jamais regressar


7.6.13

o infinito


atravessas  o mar amargo à procura de coisas que não tens
procuras eternidades que apenas existem em teus sonhos
esqueces-te que o passado e o futuro encontraram-se no presente
e te desiludes quando descobres que o efémero sustenta o mundo
observa o caminho por onde andas
olha bem para onde vão as nuvens
elas não lamentam o ontem ou o escurecer do céu azul
para elas bastou o momento ligeiro da sua existência
que se dissolve na chuva que molha os teus cabelos
olha a tua pele bem de perto e afunda-te em ti mesmo
descobre nas tuas células um infinito de universos
és um momento breve que acaba amanhã
feito de água, sal e semente
serás infinito no que te cabe
em um lugar eterno chamado sempre