21.2.13

fogo


 Vermelho.

Por detrás da cortina fina de suas pálpebras, ele encarava aquele espectro púrpuro que lhe beijava o rosto com sua luz quente. Era o sol que já sangrava no horizonte, afogando-se lentamente na escuridão. Uma orquestra de centenas de cigarras abafava o barulho dos carros, das obras, engolia o bulício da rua no fim da tarde. Enquanto todas aquelas pessoas lá em baixo lutavam para voltar para casa, após um dia duro de trabalho, Felix começava o seu.

 — A noite vai ser quente murmurou para si mesmo, saboreando o calor seco.