Vermelho.
Por
detrás da cortina fina de suas pálpebras, ele encarava aquele espectro púrpuro
que lhe beijava o rosto com sua luz quente. Era o sol que já sangrava no
horizonte, afogando-se lentamente na escuridão. Uma orquestra de centenas de
cigarras abafava o barulho dos carros, das obras, engolia o bulício da rua no
fim da tarde. Enquanto todas aquelas pessoas lá em baixo lutavam para voltar
para casa, após um dia duro de trabalho, Felix começava o seu.
Encostado no parapeito de pedra do
terraço de um hotel caro da cidade, vestindo apenas uma calça jeans gasta,
Felix abriu os braços para sentir em seu torso nu o sopro caloroso dos ventos
que se levantavam. Um manto de poeira cor de bronze flutuava sobre a cidade
como uma aura quente. Naquela luz de fim de tarde, tudo parecia estar em
chamas. Anoitecia tarde no verão. O céu queimava em brasa perto das nove horas
e se tornava em noites curtas e quentes, aquecidas por pecados muito mais
ardentes do que os das longas noites de inverno. No verão, o desejo e a luxúria
estavam em carne viva. Era a sua estação preferida.
Felix deu um longo trago no seu
cigarro e expirou a fumaça quente com prazer. Ainda tinha em sua boca o sabor
do batom, do vinho e do fogo. Em sua pele, o cheiro de vários perfumes, suor e
saliva, misturavam-se em um memorial pecaminoso. As mulheres dormiam no quarto,
exaustas de um dia inteiro de sexo e excessos. A sexta-feira perfeita. Felix
sentia a cabeça pesada e o corpo dolorido, especialmente em naquela parte que
se escondia atrás do zíper. Puxou displicentemente um longo fio de cabelo loiro
que estava colado no seu peito e lançou-o ao vento. Com a mesma mão, acariciou
levemente os arranhões feitos por unhas vermelhas em seu ombro esquerdo, no seu
peito, na sua barriga. Sentia uma dor salgada que se espalhava pelas suas
costas. Provavelmente outros arranhões, causados nos momentos em que os corpos
estavam em brasa e que apenas doíam quando a carne arrefecia.
Prazer
sem dor não existe.
{ brevemente }
Parabéns!
ResponderExcluirO seu blog é fabuloso.
Abraços.
O Pássaro das Sombras
Obrigado, Pássaro! Apareça sempre! :)
ResponderExcluirHá muito não passava por aqui, distante que estou da blogosfera, mas hoje vim e me dei conta do que perdi... Uma leitura saborosa que me deixou um gostinho de quero mais.Vou aguardar.
ResponderExcluirBeijinhos.
Olá.
ResponderExcluirMuito interessante o seu blogue.
Estou lhe deixando um ...
CONVITE
Passei por aqui lendo, e, em visita ao seu blog.
Eu também tenho um, só que muito simples.
Estou lhe convidando a visitar-me, e, se possível seguirmos juntos por eles, e, com eles. Sempre gostei de escrever, expor as minhas idéias e compartilhar com as pessoas, independente da classe Social, do Credo Religioso, da Opção Sexual, ou, da Etnia.
Para mim, o que vai interessar é o nosso intercâmbio de idéias, e, de pensamentos.
Estou lá, no meu Espaço Simplório, esperando por você.
E, eu, já estou Seguindo o seu blog.
Força, Paz, Amizade e Alegria
Para você, um abraço do Brasil.
www.josemariacosta.com