22.12.12

o final do fim




Fim do mundo. Quando pensamos nele, a primeira coisa que nos vem à mente é meteoro, fogo, água, desastres colossais que vão varrer conosco da face da Terra como quem joga uma granada em um formigueiro.

Mas dificilmente o fim do mundo será assim.

Na verdade, o mundo acaba todos os dias nas pequenas coisas que vamos perdendo sem nos darmos conta, nos pedaços de humanidade que vamos deixando para trás pelo caminho do tempo. O mundo acabará quando não restar mais esperança, esse colosso que nos carrega pela noite escura, em direção ao amanhã. Acabará quando não houver mais vontade em descobrir curas e soluções para os males que afligem a Humanidade, quando não restar boa vontade e alguém que estenda a mão a quem precisa de ajuda.

O amanhã não valerá mais a pena quando deixarmos de aprender com os erros do passado e ensinar as crianças que elas poderão fazer um futuro melhor. O mundo estará definitivamente acabado quando o amor secar e não tivermos mais capacidade de amar ao próximo e doar um pouco de nós à causas justas.

E a extinção da raça humana começará quando, definitivamente, deixarmos de respeitar, e, principalmente, aceitar as nossas diferenças e continuarmos criando muros eternos que apenas nos afastam.

O fim do mundo é uma escolha. Um processo de dentro para fora.

Não sejamos nós o meteoro.

25.11.12

o fim do mundo de ava


“Ava estava decidida a ir para longe, bem longe daquele lugar, o qual ela tinha certeza que seria arrastado para o inferno antes de todos os outros. Precisava chegar às margens distantes daquele deserto infinito onde haviam crescido, pois sabia que lá estariam tão longe que nem o fim do mundo as alcançaria.”

O que enfrentaria para não perder a única pessoa que lhe resta no mundo?

Uma prova de amor e coragem em "O FIM DO MUNDO DE AVA", por LUCAS ODERSVÄNK.

Antologia "O ÚLTIMO DIA ANTES DO FIM DO MUNDO" | DEZEMBRO 2012


ASES DA LITERATURA

20.9.12

voo eterno

Dizem que sou um pássaro sem ninho, mas não sabem que o meu destino é o voo e que a minha casa é o céu sem fim.



apenas


Não se importe com o quanto dure, como seja, qual seja ou como acabe. Apenas ame.

19.9.12

asas



A vida me ensinou, em cada pena arrancada de minhas asas, que sou capaz de voar sem elas.


18.9.12

irmãos

 
Amor de irmão nasce na alma e no coração.
O sangue é apenas uma desculpa.

17.9.12

presente


O meu Deus não é severo, não me julga, nem condena a minha alma ao inferno. Ele senta-se ao meu lado, chora e ri junto comigo.

sin pecado



Ira não é pecado quando a causa é justa. Avareza não é pecado quando nunca se teve nada. Luxúria nem é pecado quando se tem amor para dar. E Vaidade não é pecado quando somos o espelho de alguém. Gula não é pecado quando não se tem o que comer.  A Preguiça jamais será pecado quando nas mãos não existem mais espaço para calos.  Mas a Inveja, esqueçam. Para ela não há desculpa.

16.9.12

nós




Todo escritor é um mistério, que anda entre os vivos com cara de gente, esconde dentro de si um mundo imerso, que espera emergir em forma de verso.

presença

 
Olharei por ti, mesmo que não me vejas. Guardar-te-ei em teus sonhos, mesmo que nunca sonhes comigo.  Protegerei teu coração, mesmo que eu não more lá. Estarei sempre contigo, mesmo que estejas sempre sem mim.

2.9.12

processo



Às vezes precisamos saciar as nossas vontades e desejos para então fazermos o que realmente precisamos fazer. Não existe ordem ou disciplina em uma mente onde não existe paz.

 .

7.8.12

ximena



Ximena caminhava pela estrada escura de barro e pó. Estava cansada de caminhar pela vida. Já fazia tempo que a chuva não a refrescava e alguma sombra a guardava. As solas dos seus pés estavam duras, ásperas, pois elas conheciam cada pedra, cada dor, cada serpente pisada. As linhas do seu rosto eram vales de suor seco, que perdeu a coragem de escorrer pela pele castigada. O brilho dos seus olhos tristes já lá ia, e nem mais as estrelas refletia ou copiava.

Ximena não mais se lembrava de há quanto tempo andava, sem norte, sul ou destino certo. Apenas caminhava em direção ao nada, ao vazio, para longe da ferida que rugia em algum lugar demasiadamente perto. Nem sequer se lembrava de onde partira; se do inverno sem fim, ou da primavera em flor vitrificada. Certeza tinha que era órfã de rumo, de dor, de felicidade pintada.

Ximena, no entanto, ainda se lembrava das noites vazias, do escuro surdo por onde caía cada vez que para dentro do seu peito olhava. Sabia que ali dormiam os seus fantasmas. Naquele breu os guardava, acorrentados, amordaçados, imersos em chumbo e água. Não chorava por eles, mas lembrava-se bem do sal da sua mágoa.

Ximena morria a cada passo que dava. Rezava para esquecer onde havia exilado seu coração. Fazia pactos com o invisível para não se lembrar das dores despidas, da tortura sem nome, do ruir da ilusão. Pedia para perder tudo que ainda tinha. Queria ser um fantasma, sem alma, sem razão... Sonhava ser uma existência cega e calada, imersa e acorrentada no abismo sem fundo deixado pelo seu coração.

30.7.12

lua das ilusões




me leve embora da lua das ilusões
arranque de mim os sonhos que não quero
livre meu coração da dor amada
e me arraste a pulso para o destino certo

...


28.7.12

volta


volta com os pés cansados de sal e de sol
as linhas do seu rosto contam por onde andou
trouxe consigo as asas cansadas do voo distante
da procura, do encontro, do fim e do recomeço
 .
ele se sabia uma criatura de asas, não raízes
se sabia livre e alto, filho pródigo do azul
suas paixões, aves migratórias sem destino
as borboletas no estômago, o seu norte, o seu sul
 .
fez das nuvens de chuva o seu alimento
transformou o infinito em sua cidade
agora volta para casa com calma e alento
na caminhada sem fim pelo céu da eternidade