19.5.14

encontro


Quando encontrou aquele outro coração que parecia ser gêmeo ao seu, entendeu que todos os outros haviam sido figurantes em uma história onde apenas cabiam dois protagonistas, e um final que tinha tudo para ser feliz.

18.5.14

a noiva do céu


Não se importava com as pequenas coisas, rasteiras, existências de poeira. Estava cansada de se reduzir para caber em pequenos corações, onde dividira espaço com sentimentos ainda menores. Queria ser nuvem, não caber em si mesma, abraçar o horizonte, e libertar aqueles pássaros negros que se debatiam em seu peito. Então casou-se com o céu...

grito


Quando as palavras calaram, aquele grito reprimido emergiu do seu mais profundo silêncio. Era como uma explosão, que ameaçava transbordar-lhe pelos poros. Com o reflexo de um animal ferido, ela abraçou-se a si mesma, tentando conter o incêndio. Mas havia sido em vão. O seu corpo já era fogo, e seu mundo, uma profecia de cinzas...

sopro do coração


Estava perdida naquele campo de flores vermelhas, que não eram suas, e jamais seriam. O céu, o amor, ou as nuvens, nem mesmo aquele chão era seu. Perseguia fantasmas daquela paixão insana, que se disfarçava em um labirinto de ilusões no seu peito cada vez mais apertado. Mas em algum momento, talvez por sorte, encontrou o seu coração cansado, que ainda pulsava, ali, esquecido, e que em um sopro levou embora todas as flores...

partida


Tentava esconder aquela distância de si mesma, para que aquele vazio não se alojasse no seu ventrículo esquerdo, como o dito ralo pelo qual toda a felicidade se esvai. Perseguia os restos de calor deixados no seu corpo, grãos de areia colados à pele da sua memória. Iria até o fim do mundo para sentir o seu coração bater daquele jeito novamente; um jeito que doía de tão bom...